O maior órgão do corpo humano


Alguém muito próximo, em conversa, indicou-me pontos do meu comportamento que lhe geravam insatisfação. Que momento ruim! Não posso mentir... Ser confrontada e ter as minhas falhas tão expostas à luz não é algo propriamente confortável. Acho que nenhum de nós gosta de ser exortado, corrigido ou repreendido. Penso que alguns de nós conseguimos viver bem com a consciência de alguns erros próprios desde que ninguém nos pare e diga de forma directa que isto ou aquilo em nós não está bem.

Podemos reagir bem às críticas ou mal, mas creio que seja comum à maioria (ou mesmo a todos) uma certa dor ao ouvirmos uma chamada de atenção. Esta sensação de desconforto não é exclusividade minha. Hebreus 12:11 diz: "Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados". A meu ver, a disciplina contém um elemento de autoridade. Somos disciplinados por alguém com alguma autoridade sobre nós. As críticas não são bem assim. A crítica não parece pressupor uma relação de autoridade ou de direção, mas, ainda, assim, podem levar-nos a um caminho de melhoria, crescimento, mudança. Falo de críticas construtivas, claro. Alguém que assim nos exorte, critique ou repreenda, gostando de nós ou não, pode acender a fagulha inicial para um processo de transformação necessário. 

Se isto pode ser algo tão bom, por quê nos dói? Por quê nos dói pôr uma lupa sobre aquilo que não fazemos bem? 

Há alguns dias estive lendo um livro que me serviu de ferramenta para responder à estas perguntas. "Ego Transformado" de Timothy Keller é um livro pequeno, com cerca de 50 páginas (na edição que li) e apresenta-nos uma perspectiva interessante sobre aquilo que chamo de "o maior órgão do corpo humano": o ego - um lugar onde gostamos de guardar o nosso pecado orgulho. O nosso ego, ou isto em nós que assim escolhemos chamar, não gosta de ser desnudado. Ele não gosta de estar em desvantagem, não gosta de sentir que perdeu. Quando alguém nos critica sentimo-nos expostos, vulneráveis, ofendidos e diminuídos. Expostos e vulneráveis, porque sentimos que pontos tão específicos do nosso comportamento foram vistos. Diminuídos, na verdade, porque é como se não tivéssemos alcançado certa fasquia. Ofendidos, porque achamos que a correção é algo sobre a nossa pessoa, sobre quem somos. Parece que passamos a ter menos valor. 

Repito: estou falando de críticas construtivas e não das deliberadamente ofensivas. Mas o que aprendi com Tim Keller serve-nos para os dois casos. As palavras ditas pelos outros a respeito do nosso comportamento, aparência ou conduta, não podem alterar quem somos. Podem influenciar a nossa forma de entender quem somos e com isto transformar-se na nossa identidade, mas, se soubermos lidar da forma correta com as críticas, elas não serão sobre quem somos. Uma indicação bem intencionada sobre algo a ser melhorado em nós não é um comentário depreciativo; não se está dizendo que somos menores ou piores por termos tal característica ou comportamento. Fala-se sobre algo ligado a ti e isto deveria ser entendido como é. Ouvimos, discernimos se se trata de algo verdadeiro ou não, acatamos ou não. O mesmo deve ser feito em relação aos comentários maldosos. 

O problema é que para fazer tal coisa precisamos saber quem somos. Só quem sabe quem é pode saber o que não é. Eu não sou a crítica que recebi da pessoa próximo de quem falo lá em cima. Eu sou o que a Bíblia diz que eu sou e aqui está a chave: quem a Bíblia diz que somos? Você pode não crer (espero que ainda) naquilo que vou dizer agora, mas só as pessoas que decidiram viver com e para Jesus podem ter este assunto bem arrumado. Só em Jesus temos a nossa identidade restaurada. João 1:11-13 diz: "Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus". Foi Cristo quem veio e nos deu a possibilidade de sermos filhos de Deus. Esta é a identidade de todo aquele que recebe Jesus, de todo aquele que crê em Seu nome. Somos filhos, somos amados, somos desejados. E isto, não por homens, mas pelo Criador do universo. Nada que os homens ou qualquer criatura diga a meu respeito é superior a isto. Críticas construtivas ou maldosas não podem alterar isto. As acusações humanas ou demoníacas não podem mudar isto. Nem a minha própria opinião a meu respeito pode mudar isto. Você pode se achar incrível ou julgar-se o pior dos seres, mas o que vale é a opinião de Deus a seu respeito. 

As críticas, as correções e as repreensões podem ter o seu proveito. Não devemos ignorar as oportunidades de melhorar, mas já sabemos que estas coisas não nos definem. Lá em cima, eu disse coisas algumas coisas sobre a identidade de quem anda com Jesus. O que a Bíblia diz sobre você? Você já aceitou a Cristo?


De uma redimida. 


Caliana :)


O que você pensa sobre este assunto? Conte-me, nos comentários. Obs: Não se esqueça de assinar o comentário. Quero muito saber quem está aí do outro lado :)


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