E ao próximo como a ti mesmo


Vivemos num mundo de contratos. Todos nós celebramos contratos, quer saibamos ou não. Todas as vezes que compramos uma peça de roupa, todas as vezes em que comemos num restaurante, todas as vezes em que assistimos a um filme no cinema estamos a celebrar um contrato. Em todas estas e em outras situações aliamos a nossa vontade à de outra pessoa (indivíduo ou empresa) e concordamos, ambos, em entregar ao outro aquilo que pretende - que é de valor igual ou equivalente ao que pretendemos e que nos será entregue. Neste acordo, temos todos obrigações e  - aquilo de que mais gostamos - direitos.

É tudo perfeito até que um de nós falhe. Se alguma das partes deixa de cumprir as suas obrigações o acordo fica desequilibrado e quem se manteve fiel deixa de ter o seu direito satisfeito. Mas o bom e confortável é saber que a nossa organizada sociedade tem tudo pensado, não é? Para os casos de incumprimento, há soluções de vários tipos, inclusive a saída: a cessação do contrato. 

Eu gosto deste sistema para os contratos. Toda esta dinâmica é parecida a de uma equação, onde temos os dois lados bem equilibrados e formas de equilibrá-los. Mas diferentemente da matemática, nos nossos contratos, o importante não é encontrar o valor de "X", mas sim não encontrar a sensação de injustiça. Nenhum de nós quer se sentir injustiçado. Queremos pagar e ter o nosso produto, prestar o serviço e ver o nosso dinheiro. E sem isso, queremos ir embora e ter de volta tudo o que tínhamos no início. E sinceramente, se estivermos a falar de contratos, se calhar não há de errado com isto.

O problema é transportarmos esta forma de pensar para tudo o que fazemos: tratar como contrato todos os acordos que fazemos. Acho que nós - e me incluo - vamos ficando cada vez mais familiarizados com os esquemas contratuais. Somos amigos, vizinhos e parentes, por contrato. Somos generosos, simpáticos, educados, por contrato. Nós, seres humanos, vamos normalizando e talvez chamando de evolução a ideia de só fazer, dar, falar e estar com e pelo outro em troca de alguma coisa. "Não preciso ser simpático com quem não tem nada para me dar". "Não posso dar alguns minutos do meu tempo a alguém que não tem nada para me dar". Transformamos os nossos relacionamentos em pequenas trocas e isto é desgastante. Um dia seremos nós quem não terá nada para dar e nos sentiremos menos por isso

Mas Deus não nos fez para vivermos neste sistema de barganhas. Em Mateus 22:37-39 está escrito: "Respondeu Jesus: " 'Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo'". Como queremos o nosso bem devemos querer o do outro. Não é sobre o que ele tem para nos dar, mas sobre como podemos ajudá-lo

Aprendo com os irmãos das igrejas da província da Macedônia (que mesmo tendo pouco, ajudaram os necessitados - 2 Coríntios 8:1-5) que podemos fazer algo pelos outros com aquilo que temos: seja doando bens, dinheiro ou comida, cedendo o nosso tempo a alguém que precise de conversar , ligando para alguém apenas para saber como está ou simplesmente ajudando alguém naquilo que precisa... Tudo isto ou outra coisa qualquer. Eu vou aprendendo que neste mundo que infelizmente só nos aponta para as metas, corridas e pódios, o que verdadeiramente interessa mesmo é obedecer ao Senhor em tudo. E isto inclui servir aos nossos semelhantes. 


De uma redimida. 

Caliana :) 


Comentários

  1. Servir ao próximo é servir ao Senhor!

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  2. Um exercício muito comum que faço, é sempre o de tentar perceber as minhas motivações ao me relacionar com as pessoas, frequentemente encontro muito egoísmo em meu coração e aproveito a oportunidade para orar ao Senhor e pedir ajuda.

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