Casamentos: o meu e os nossos
Eu gosto de ser casada. Eu gosto da pessoa com quem me casei. Admiro-o e gosto de várias coisas no nosso dia-a-dia. É extremamente precioso viver a vida ao lado de quem amamos. O simples estar ao lado desta pessoa ao fim de um dia e poder aconchegar-se a si é, para mim, uma coisa linda e muito agradável. Gosto de ter com quem partilhar os dias, o crescimento, as dificuldades... E de poder fazê-lo com quem faço. Ao contrário de muitas pessoas por aí, não faço parte do grupo que lhe vai dizer que casar não vale a pena. Vale a pena, sim!
Mas... Hoje, depois de mais alguns anos de vida e experiência, sinto-me em condições de dizer mais algumas coisas sobre o casamento.
Primeiramente, o casamento foi criado para ser uma coisa boa. O casamento é uma coisa boa. E as experiências más de quem quer que seja não o definem nem o desqualificam. Entretanto, precisamos pôr os pés no chão e alguns pingos nos "is" a respeito deste assunto. Por melhor que seja, o casamento não é a resolução de todos os problemas de pessoa alguma, nem deve ser o nosso objectivo de vida. Não me entenda mal; eu não estou me contradizendo. Digo estas coisas sobre o mesmo fundamento que coloquei acima: o de que o casamento é algo bom!
Por outro lado, o casamento foi criado por Deus e deve obedecer às regras do Seu criador. Nenhuma outra perspectiva está certa além daquela apresentada por Deus em Sua palavra. Não podemos inventar as nossas regras e formas de vivê-lo e esperar ter os resultados pensados por quem o criou. Não podemos alterar os princípios do Senhor e devemos guardar os nossos "mas eu acho que"... A Bíblia é a regra de conduta para a vida e todo aquele que se diz cristão deve nela crer e evidenciar isto na sua maneira de viver. Deve viver como quem crê naquilo que diz crer.
Perceber os princípios bíblicos sobre o casamento ajuda-nos a alinhar as nossas expectativas. E as nossas expectativas - homens e mulheres deste tempo - parecem-me bem desalinhadas ao real propósito do casamento.. Por observação e por experiência, parece-me que muitos de nós estamos ou estivemos esperando coisas um pouco ao lado da realidade do matrimónio. Muitos querem casar-se, mas não sei se todos queremos ser esposos e esposas. Na generalidade, cada vez mais estamos perdidos nas definições mundanas de casamento, desnorteados pelos maus exemplos que temos por perto e, além das mil outras possíveis deturpações, ainda existe o grupo dos que idolatram o casamento. Do qual eu fazia parte.
A preparação (ou a falta dela) talvez seja uma das fontes das nossas estranhas expectativas. É como se a maioria de nós simplesmente não fosse preparado (ou devidamente preparado) para isto. Pelas mais variadas razões (conveniência, convenção social, estatuto...) nascemos, crescemos e decidimos formar família, mas ao contrário do que geralmente fazemos quando queremos tomar qualquer uma grande decisão, para casar-nos creio que muitos de nós apenas vai vivendo como que por instinto. Como se ser esposo ou esposa, viver o dia-a-dia do matrimónio, cumprir as suas obrigações nele e executar o seu papel fosse algo intrínseco à natureza humana e não precisasse ser aprendido ou instruído. Digo isto, mas também sei que para que alguém procure ajuda ou instrução é necessário que perceba que precisa disto. O que na maior parte dos casos nem nos ocorre; não sabemos que precisamos de instrução sobre este tema. E quem expectavelmente nos deveria instruir talvez também não tenha sido instruído, pelo que não percebe a necessidade de fazê-lo. Que ciclo!
Ainda sobre a preparação, pelo que vejo, existe também o grupo de pessoas que até recebe alguma instrução antes de se casar, mas uma instrução errada. São pessoas que ouvem diretrizes claras sobre como devem comportar-se ou não em certas situações que eventualmente possam surgir quando casadas. Entretanto, as coisas que aprendem - de pessoas que provavelmente pensam ou aprenderam da mesma maneira - tornam-se fundamentos para criar problemas dentro destes casamentos e para perpetuar a visão deturpada e pessimista do mesmo. Aumenta-se a estatística. Cumprem-se os princípios que estão na base de um mau casamento e um novo mau casamento surge... E reforça a ideia de que casar-se não é uma boa ideia.
Além de tudo isso, a forma de pensar dos nossos dias que é cada vez mais egoísta e avessa à sentir dores ou fazer sacrifícios, não nos ajuda muito. Vou ser sincera: uma das coisas mais difíceis do casamento para mim é ter de pensar no outro. Acho que nunca tive de perceber a presença do outro como agora. Este outro é muito próximo a mim, mora comigo e também tem necessidades... Ah, e atender a algumas das necessidades do outro é responsabilidade minha. Isto me tira totalmente da zona de conforto! Fui filha única durante 17 anos. Morei sozinha por pelo menos 5 anos. Tenho uma personalidade autossuficiente e tendente à fechar-me em mim quando acho necessário. E com tudo isto, agora tenho de pensar nas necessidades do outro e considerá-las como superiores às minhas - porque é isto que a Bíblia nos orienta a fazer. Que desafio!
Além de desafiante, este aspecto do casamento não é desejável. Por termos esta mundividência egoísta e pouco amiga dos sacrifícios, custa-nos aceitar esta realidade que é própria não só dos casamentos, mas das relações em si. Não gostamos da ideia. Não a aceitamos, e para ela não nos preparamos. Hoje em dia o sacrifício não me parece fazer parte da definição de um relacionamento feliz para grande parte das pessoas. Mas a verdade é que, querendo ou não, o sacrifício é parte integrante de um. Por mais que desejemos entrar para o mar sem que nos molhemos e por mais que digamos que isto é possível, a verdade é que a água molha e não podes ter uma coisa sem a outra. Bons relacionamentos são deliciosos e (e não "mas") exigem que cedamos em várias coisas.
É claro que não estou falando sobre o doentio. Mas ainda longe do doentio existe o necessário. Num relacionamento saudável, é necessário ceder, é necessário tolerar, é necessário abrir mão, é necessário priorizar. É necessário cuidar do outro e cuidar do outro é tudo isto. Cuidar do outro envolve fazer o que deve ser feito e não fazer o , mas, na sua essência, o amor exige cuidado e sacrifício. O amor exige perder. Num casamento delicioso, perde-se muitas vezes.
A verdade é a verdade e qualquer coisa ao lado dela já não é verdade. É, portanto, mentira. Talvez, à semelhança de tantas coisas, tenham mentido para nós. Gerações que também acreditaram em mentiras contaram-nos inverdades, distorções e filmes de terror sobre o amor e sobre o casamento. O que sobra é esta notória desconfiança do matrimónio.
Precisamos olhar para a vida com a mesma perspectiva que o Senhor olha e ver as coisas como o Senhor vê. Precisamos entender as coisas segundo o entendimento de Deus. Para isto, é necessária uma reforma na nossa maneira de pensar, uma desintoxicação dos fundamentos errados que recebemos e uma total ruptura com os traumas do passado. Em Romanos 12:2, o apóstolo Paulo diz: "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Para experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, é preciso deixar a forma deste mundo. Para tal, precisamos cultivar um relacionamento profundo com o Senhor através da leitura da Sua palavra e da oração. É um caminho a ser feito por quem já passou pela porta do novo nascimento - aceitando a Jesus Cristo como seu senhor e salvador.
O casamento é aquilo que Deus fez como tal. Que possamos olhar para Aquele que é o autor do casamento e que com Ele aprendamos a fazer isto. A fazer isto da maneira correta. E a maneira correta não é a minha, nem a tua e nem de qualquer outra pessoa. A maneira correta de se pensar e viver o casamento e a vida é a maneira de Deus.
Não se deixe enganar; o casamento é uma coisa boa!
De uma redimida.
Caliana :)
O que você pensa sobre este assunto? Conte-me, nos comentários. Obs: Não se esqueça de assinar o comentário. Quero muito saber quem está aí do outro lado :)
Não sei se é a Caliána que eu conheço, mas se é, Deus abençoe.
ResponderEliminarContinue e publica, ou seja, manda editar.
Deus abençoe
Não sei se é a Caliána que eu conheço, mas se é, Deus abençoe.
ResponderEliminarContinue e publica, ou seja, manda editar.
Deus abençoe
Amo, muito...
ResponderEliminarEstou completando 5 anos de casada e ultrapassando os desafios com bastante sabedoria.
Confiamos e tememos a Deus nosso Senhor!
Vivemos a vida apaixonadamente, amamos nos amar. Isso torna tudo mais leve
Assim: Domingas Francisco 🌹