Uma ida à praia

Há alguns dias atrás, o meu marido e eu fomos à praia. Tratava-se de uma ocasião especial, de um fim-de-semana de comemoração. Escolhemos um destino de praia e para lá fomos. De um tempo para cá, eu tenho declarado, com alguma convicção, que gosto deste tipo de passeio - algo pouco surpreendente, considerado o lugar de onde venho. 

 
Pois bem, por lá o ambiente estava pronto: a areia em nossos pés, o mar à nossa frente, o Sol a bronzear-nos e o conforto de guarda-sóis e das espreguiçadeiras. Eu estava supostamente no meu habitat natural. Tinha o meu esposo ao meu lado e mais algumas pessoas - aparentemente a fazer o mesmo que nós -, no entanto, surpreendi-me com uma companhia inusitada, estranha e imprevisível. Bem ali, em plena areia, impregnada em mim, estava aquilo. Era algo como daquelas coisas que nós sabemos, sentimos e ponto. Ao contrário do que se tivera passado durante anos da minha vida e do que eu achava que pudesse fazer, eu simplesmente não conseguia mais ficar de fato de banho - top e parte de baixo! É isto. Em algum momento da minha vida e não sei se sei quando, tornou-se estranho estar vestida daquela maneira.

É incrível como as coisas podem mudar... 

Eu fui criada numa cidade de lindas praias, as quais conheci desde pequena e não me lembro de ter tido problemas em estar de biquini enquanto aproveitava o passeio. Não me lembro de isto ter sido desincentivado pela sociedade ou pelas pessoas a minha volta. Muito pelo contrário: era normal e fazia parte da cultura daquele lugar. Fazia parte da minha cultura.

Mas...naquela tarde nenhuma das razões ou factos guardados neste baú cheio hábitos e costumes serviria para me fazer entender por quê me sentia daquela forma. Só uma coisa poderia: a mudança que Jesus fez em mim. Tenho uma amiga com quem aprendi que nenhuma mudança é duradoura a não ser que tenha sido gerada em nós pelo Espírito (e aqui, leia-se, Espírito Santo). Não creio que se tenha passado algo diferente comigo... O que se passou é que a minha nova natureza - a natureza de Cristo que vai sendo gerada em mim pelo Espírito - já não acha normal estar na praia de biquini. Não se trata de cumprir uma regra ou de adoptar uma nova forma de vestir porque "agora sou da Igreja". É algo bem mais profundo. É algo gerado no mais profundo do meu ser. 

Embora a ideia cada vez mais generalizada seja "meu corpo, minhas regras", é preciso entender que para quem é cristão, isto não funciona assim. Quem se declara cristão, precisa entender que isto não significa frequentar uma igreja (simplesmente), não significa fazer parte de uma tribo urbana, seguir uma moda ou gostar do Senhor Jesus como se ele fosse uma pessoa famosa legal. Não significa ir a igreja  ou ler a Bíblia, mas seguir as suas próprias regras, as tuas opiniões ou o que você acha certo nas suas decisões diárias... Tudo isto são formas de simpatizar com os ensinos do Senhor Jesus sem querer ter um compromisso com Ele. É como querer ter sexo, companhia e envolvimento emocional com alguém sem o compromisso e a responsabilidade do casamento. 

Quando alguém aceita ao Senhor Jesus e permite que Ele conduza a sua vida, deverá passar a relacionar-se diariamente com Deus. Deus é real e está interessado em conduzir-nos pelo caminho em que devemos andar, mostrando-nos para quê cada coisa a nossa volta foi criada por Ele, quais delas devem fazer parte da nossa vida e que propósito Ele tem para cada um de nós. O Senhor quer guiar-nos nesta vida e conduzir-nos até a vida eterna. Quem se entrega para Ele em compromisso, entrega-se com a garantia de que está nas mãos de alguém que vai fazer tudo para o seu bem, assumindo que Ele é quem sabe o que é bom e não nós. Logo, já não somos de nós mesmos. Nem nosso corpo e nem as regras.

Deus é quem sabe o que é bom e na sua palavra Ele diz que somos seus templos (1 Coríntios 6:19), pois o Espírito Santo habita no corpo de todo aquele que aceita o Senhor Jesus e nasce de novo. Diz também que os nossos membros devem ser utilizados para glorificar à Deus (Romanos 6:13). Ao contrário do que se diz por aí, não é normal que partes do nosso corpo que estão reservados à nossa intimidade estejam a mostra - ainda que seja na praia. Além disso, e este é um ponto que me parece também importante, conforme a orientação bíblica de andar em amor para com os irmãos, os cristãos não podemos normalizar a utilização de trajes que possam levar outras pessoas a pecar - nem na praia, nem fora dela; trajes de banho ou qualquer outro. Poderão dizer que tudo dependerá do fato de banho ou do de biquíni em questão, mas a verdade é que estar de biquíni pode gerar este tipo de efeitos, e embora não tenhamos controle sobre os pensamentos dos demais, podemos evitar criar circunstâncias para que tal coisa aconteça - pois temos controle sobre os nossos actos! Ter uma postura indiferente quanto a possibilidade de levar alguém a pecar não é andar em amor, pois o amor bíblico consiste em buscar o bem para o outro e não há bem maior do que conhecer a Deus e estar em paz com Ele (que é oposto a estar em pecado).

O que conto é uma experiência que tive sobre um convencimento por parte do Espírito pelo qual passei. Trata-se de um entendimento a que cheguei em Cristo. Embora tal entendimento seja a meu respeito é certo que todas as mulheres que crêem e seguem a Cristo devem ter estes princípios em mente no que toca às suas roupas, e a sua intimidade está reservada para o seu esposo. É esta a forma de ser - a natureza - que está sendo gerada em mim. E estou feliz por isto!

Por fim, mesmo com vergonha, fui de biquini à água e por estar sozinha (porque o meu marido estava meio acordado, meio a dormir na espreguiçadeira) tive medo de entrar pois não sei nadar. Regressei à cadeira e acabei por voltar a vestir-me. Olhei para o meu constrangimento e ele para mim e vi que eu já não era assim. Embora eu não seja perfeita ou melhor do que outrem, o Espírito Santo de Deus está me transformando de dentro para fora, gerando a natureza de Cristo em mim. 

 

O que você acha? Conte-me, nos comentários (aqui).

 

De uma redimida. 


Caliana :)

Nota: Homens e mulheres devem vestir-se de forma a glorificar ao Senhor. Este texto, contudo, inicia-se com um episódio vivido por mim, que sou mulher e foca-se nesta verdade aplicada às mulheres. 

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