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Espaços vazios

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  Imagem de Martin Klimas  As nossas "faltas" sempre nos fazem pensar que estamos em desvantagem. Por vezes, vemos a vida "a partir" dos espaços vazios em nossa estante mental e emocional. Inconscientemente escolhemos este ponto de vista. Deixamos de olhar para todos os anos que já vivemos e para tudo o que já colhemos, e direcionamos o nosso olhar para o lugar vazio no qual gostaríamos que estivesse determinada conquista.  A constatação de não ter o que se deseja pode levar-nos a um lugar de insatisfação. A paragem seguinte pode ser a da frustração. E a seguinte... a da falta de motivação para continuar a viver. São muitas as "faltas" possíveis... das mais legítimas às mais fúteis. Há quem chore por um carro melhor, mas há quem chore pela morte de alguém. Há quem lamente por não ter o dinheiro que gostaria de ter e há quem o faça por uma oportunidade perdida. As mudanças, as perdas, o afastamento de alguém querido, as tragédias, as crises... tudo isto pod

Eu... não quero ser feminista

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Imagem de @wayhomestudio Luanda, aos 13 de Agosto de 2023 Na contracorrente de grande parte das vozes que se ouve hoje, vai se tornando possível vislumbrar o crescimento de um pensamento que chamaremos de “não feminista”. Não me sinto em condições de afirmar que isto se esteja a passar apenas no meio cristão. Talvez seja o grito de várias mulheres, de origem e criação diversas, que, após a contemplação dos ideais que entendem como feministas, verbalizam: “não sou feminista”. Daí, sublinharemos o “não devo nada ao feminismo”, ouviremos talvez coisas como “pensamento anti-feminista” e em círculos cristãos talvez ouçamos o termo “feminilidade bíblica”. A questão é que muitas de nós, embora sinceras e –parece-me –   bem intencionadas, estamos, na verdade, demarcando-nos de algo não entendido e – por consequência - autodenominando-nos como algo não definido. Temos uma visão caricata das feministas e visão alguma sobre o que é o feminismo. Achamos que para que seja uma feminista, uma mu

A morte - e o seus efeitos nos vivos

Em Angola, temos uma alta taxa de natalidade. Entretanto temos uma taxa de mortalidade que não se pode ignorar também. Com alguma frequência, chegam-nos notícias de mortes. Mortes de entes queridos ou de pessoas próximas... E quando não é assim, várias são as vezes em que se poderá passar por alguma rua pela cidade de Luanda e deparar-se com um aglomerado de gente em frente à alguma casa e à porta da mesma uma fotografia do ente querido perdido.  Em Angola, não há só mortes, mas creio que por cá qualquer cidadão é mais confrontado com notícias do género do que boa parte da população europeia, por exemplo. São vários os factores que contribuem para isto, mas não é este o foco deste texto.  Verdade é que a proximidade da morte evidencia a fragilidade da nossa vida - da nossa vida aqui na terra. É o momento em que os vivos se apercebem do quão fácil é morrer.  O livro bíblico de Eclesiastes diz no seu capítulo 7, versículos 2 a 4, o seguinte:  "2 É melhor ir a uma casa onde há luto

Por quê não somos todos cristãos em Angola

Na cidade em que moro agora - Luanda - é possível ver igrejas em vários lugares. Não posso assumir que existam igrejas em absolutamente todos os bairros e localidades, mas sei que em muitos deles existem. Em algumas zonas é possível ver várias igrejas na mesma rua, inclusive. Não tenho os números, mas Angola parece um país de maioria cristã.  Conheço uma pessoa que se dedica a evangelizar nas ruas da cidade, que me transmitiu que uma das dificuldades em fazê-lo em Luanda é precisamente a de "todos já serem crentes". Risos. Para mim, esta é uma ideia um pouco engraçada: a de que todas as pessoas a quem possamos fazer parar nas ruas se declarem cristãs.  Mas... a questão é precisamente esta: somos todos cristãos em Angola? Vejamos: a fevereiro de 2023, Angola ocupava o lugar 116 do Índice de Percepção da Corrupção, sendo o 180.º e último país da lista, o mais corrupto. Numa publicação datada de 25/11/2019, o Jornal de Angola (jornal de maior circulação do país) referiu que 3.70